Não há pior chamada que se possa receber enquanto emigrante como aquela que é seguida da compra de um voo.
Por aqui já vamos na quarta chamada desse género e a quarta vez que se apanha um voo com o coração muito apertado ou destroçado.
É a quarta vez que ouvimos aquilo que ninguém quer ouvir, que alguém de quem gostamos muito não está bem ou que partiu sem podermos dizer adeus.
São chamadas que doem muito, em que o mundo à nossa volta parece entrar num silêncio ensurdecedor.
São momentos em que temos de dizer ao outro o que acabamos de saber, sem ter tempo de escolher as palavras mais certas porque também estamos em choque.
Bem sabemos que somos muito sortudos porque sabemos que temos mais de 20 voos por dia, porque podemos largar tudo e ir. Mas isso não diminui a dor de receber a chamada.