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Quando é que se deixa de dar a mão ao pai?

Recentemente, em conversa com o meu pai, falamos sobre este assunto. Há uma nota a fazer antes de começar, quando eu era criança eu, o meu pai e a minha irmã passamos por uma situação que deixou marcas. Infelizmente a minha mãe deixou este mundo cedo demais e ficamos os três, a santíssima trindade como orgulhosamente nos chamamos.

Talvez por este motivo, ou também por este, crescemos numa realidade diferente. Diferente porque foi especialmente cheia de amor, não só da família direta mas dos tios, dos primos, da avó. Protegeram-nos ao máximo amando-nos e mostrando de uma forma muito afetiva o amor e a sorte que nós tínhamos por nos termos uns aos outros.

Vários hábitos ficaram desta altura. O dizer amo-te sem medo e sem esperar por dias especiais, o abraçar até que as costas estalem, o estarmos sempre agarrados uns aos outros, a preocupação que temos diariamente em perceber se estamos todos bem.

Um destes hábitos nunca se perdeu: dar a mão. Começou em pequena obviamente mas nunca desapareceu. Aos 35 anos eu ainda adoro estar deitada no sofá de mão dada com o meu pai, passear na rua de mão dada. Tenho um orgulho imenso nele e ele em mim (em nós!). Passamos de uma relação de cuidador pai filha para uma relação de igual para igual, sempre de mão dada. Daqui a muitos anos a relação de cuidador naturalmente se irá inverter e eu continuarei a dar-lhe a mão. Seja porque quero ou porque o passo começa a não ser tão certo.

E quero que a mão dele possa aquecer a minha durante mais 50 anos (no mínimo!).

Nunca tenham medo de dizer às pessoas que vos rodeiam que as amam. Não é que gostam delas, é que as amam mesmo! Não tenham medo dos olhares de lado, de parecer que casaram com o vosso pai (ou mãe)! Não tenham medo de dar um abraço apertado, de chorar ou adormecer no colo dos vossos progenitores, seja qual for a idade que tenham.